Eu já tive orgulho do Brasil. Foi há muito tempo, mas já tive. Tudo bem que eu não passava de uma criança fascinada pelo país por causa do álbum de figurinhas do Ping-Pong (goma de mascar), repleto de belas imagens de animais e paisagens brasileiras. Mas eu tive orgulho.
Já tive esperanças com relação ao futuro do Brasil. Aquela velha frase que diz que o "Brasil é o país do futuro" me pareceu bastante convincente até boa parte da minha adolescência, haja vista a grande quantidade de variáveis aqui existentes que permitem a todos imaginar nosso país como uma grande potência mundial: desenvolvida e com boa qualidade de vida para seus habitantes.
Eu também já me indignei com o Brasil. E muito. Basta ligar a televisão a qualquer momento do dia e, garanto que em menos de uma hora, qualquer pessoa com um pouco (um pouco apenas) de senso crítico e vergonha na cara vá se indignar com este país. Creio que não seja necessário elencar aqui motivos de indignação, até porque a lista seria quase que infinita.
Resumindo: já tive orgulho, já tive esperanças e também já tive (e ainda tenho) momentos de indignação com o Brasil. Porém, hoje em dia, na maior parte do tempo eu simplesmente acho graça "disso aqui". Ultimamente estou usando bastante a máxima de "rir para não chorar", até porque, muitas situações do cotidiano tupiniquim seriam cômicas se não fossem trágicas.
A gota d'água nos últimos dias foram as Olimpíadas, ou como já li e ouvi por aí, as OlimPiadas. Realmente a participação da MAIOR DELEGAÇÃO BRASILEIRA DE TODOS OS TEMPOS tem sido digna de boas gargalhadas. Basta ficar acordado durante a madrugada e acompanhar a transmissão na TV para ver algum brasileiro passar vergonha a qualquer momento.
Relaciono abaixo alguns títulos de notícias publicadas na web nos últimos dias:
Camila Mazza fica satisfeita com sua participação nos Jogos de Pequim (décima colocação no hipismo)
Barcellos pede perdão e diz que derrota é inexplicável (derrota da seleção feminina de futebol)
Com cavalo novo, Rodrigo Pessoa festeja 5º lugar
Brasil termina em último no primeiro dia da ginástica rítmica
Após prata, técnico reclama de pontaria da Seleção (o pior é que está falando da seleção de futebol feminino, e não da seleção de tiro)
Jadel decepciona e fica sem medalha
Peçanha é último em bateria semifinal dos 800 m
Cavalo é pego no antidoping e brasileiro é eliminado (essa é ótima!)
Brasileiro vai mal no decatlo e fica nas últimas posições
Renata e Talita perdem a medalha de bronze para chinesas (é a China mantendo a sua tradição em esportes praianos)
E por aí vai... Não podemos esquecer o "futebol" masculino, a ginástica (Diego Hypólito, Jade, Laís e cia.), Thiago Pereira e mais uma centena de decepções.
Na minha opinião, o pior de tudo são os atletas que comemoram pratas e bronzes, ou conseguem ir além e comemorar quintos, oitavos, trigésimos lugares em suas provas. Sinceramente, creio que teria sido melhor se não tivessem nem viajado a Pequim. Me perdoem, mas essa história de que "o importante é competir" já está obsoleta.
É claro que a grande maioria dos atletas treina forte, se esforça, luta contra inúmeras dificuldades para participar de um evento como este, mas é importante ter discernimento para evitar vergonhas internacionais. E mais importante do que isso é ter ambição e vergonha na cara para não se contentar com migalhas. A menos que haja algum adversário humanamente imbatível, a única coisa que poderia deixar um atleta feliz seria a medalha de ouro!
E por favor, não usem a desculpa de que esses atletas conseguem ir mais além do que se pode imaginar, já que o Brasil peca (muuuuito) no apoio ao esporte. É claro e evidente que não há apoio ao esporte no Brasil, isso é perfeitamente visível analisando-se o quadro de medalhas dos Jogos de Pequim, onde até o momento nosso país está atrás de "potências" como Etiópia, Zimbábue e Quênia.
Essa falta de apoio não deve ser usada como desculpa. Ao invés disso, deve ser usada como combustível, deve ser fonte para protestos e ações exigindo políticas públicas decentes para este assunto! Ao invés de chorar lamentando a falta de patrocínio, deve-se exercer uma fortíssima pressão sobre os governantes desse país para que um dia possamos ser uma grande potência olímpica. Queremos atletas que nos façam chorar de alegria, como nosso nadador César Cielo. Estamos cansados de frustrações e lágrimas!
E mesmo com desempenhos pífios em toda a história dos Jogos Olímpicos, o Brasil ainda quer sediar este evento em 2016 !?!? Esse país não é realmente uma piada?
quinta-feira, 21 de agosto de 2008
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